Sem Título

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Poesia com areia na boca,
range, arranha, trinca os dentes
entrelinhas, mármore e sílica.
Sou aquele que se, ou nem, ou não
transbordar me bastaria senão.

A mala só nessa viagem, sim
ao chegar perto de mim, se afasta,
o que cabe é só miragem sem fim.
Sobra pouco, o que transbordará
ao mesmo tempo que falta?
No fundo inócuo, meus anseios
inspiram pouca coisa, e sobra, isso.

Minha bagagem parca de coisas,
extravia a forma, meu corpo
enquanto meu copo suspenso fica
vou e peço um pouco mais de trauma,
não há alma que guarde tudo,
nem mala que não falte algo.

Arthur Menestrino